Museion

Para a Oficina ELFA (Escritores de Literatura Fantástica e Associados). Janeiro de 2017.

Os gregos estavam bem errados sobre nós. Não somos nove. Somos milhares. Milhões. Também não somos realmente especializadas... Apesar de que cada musa inspira o que aprecia no mundo, o que acha que está faltando entre os humanos... Eu, pessoalmente, acho que faltam risos.

Eu não sei muito explicar como nós somos atraídos, em verdade. Para mim é como um farol. Uma força inescapável, chamando meu nome, me atraindo, me arrastando.


E foi assim que eu cheguei aqui. Eu sei que você não me lê, que não me ouve, mas... Tem algo em você que me faz querer deixar o meu trabalho pra lá. Se eu te inspirar, vou ter que ir embora e... Eu não quero ir. Eu quero ficar mais um pouco.

A página em branco parece zombar de você, parece fazer troça da tua vontade de escrever. Não te preocupa. Já, já isso passa. É só eu decidir como eu vou te inspirar.

Eu sei, eu sei, eu meio que insinuei que costumo inspirar comédia... Mas você é diferente. Você é uma criatura tão bonita... Tenho certeza que os deuses, em pessoa, abençoaram seu nascimento. Tudo em você é bonito, até o ar que você expira. Com você eu quero inspirar outras coisas... Um poema? Um conto? Nada engraçadinho; linhas e linhas das profundidades da tua alma... Ou dos prazeres do teu corpo.

Talvez eu possa passar os dias aqui, contigo, sentindo teu calor, olhando teus dedos dançando no teclado. Talvez eu possa só te seguir e te observar, ver que coisas bonitas florescem da tua alma sozinhas, sem minha intervenção. Talvez eu me faça gente, só pra sentir a tua mão na minha, ouvir as tuas palavras, sentir o seu hálito na minha orelha quando você me sussurrar as palavras que não escreveu... Quem sabe? Pelo menos até eu me decidir, que seja.

Talvez se eu só ficar aqui, assim, abraçada em você, eu não precise escolher.

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